Ensaio: Um novo olhar sobre travessias e destinos difíceis

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Quando observo pessoas que amo em suas travessias e destinos difíceis de compreender, o primeiro impulso de minha criança interior – assustada e inconformada – é sofrer, julgar seus comportamentos como errados ou inadequados ou querer salvar tais pessoas, mudando sua forma de ser.

É natural, portanto, que esta mesma ótica restrita igualmente entre em ação quando olho para mim mesma e minhas próprias travessias.

Especialmente quando estes processos têm feições de atitudes que, em sociedade, são julgadas como erros ou fraquezas (a exemplo de vícios, depressões, comportamento desregrado, violento, etc). Quando permaneço nesta visão limitada, é costumeiro acusar estas pessoas de terem falhado em algum papel que deveria ter sido “melhor desempenhado”:

Ser bons filhos, bons irmãos, bons cidadãos, bons profissionais, boas mulheres, bons homens, bons amantes na cama, bons cônjuges, bons donos de casa, bons provedores, boas mães, bons pais, etc. Sendo que este “bom” varia conforme o esperado em cada grupo, família, cultura, religião, país, etc.

Tais pessoas simplesmente não cabem no papel prescrito e esperado – frustram, e muito, seus afetos. Então, ocorre a sentença final: quando elas “falham” nestes lugares idealizados, são rotuladas como problemas, excêntricas, párias, perdedoras. Ou seja, são vistas como menores, piores, resumindo: são excluídas.

Ao olhar de forma mais ampla para este processo, será que ali há uma falha mesmo?

Ao buscar abraçar a minha sombra e olhar com amor para os terrenos doloridos onde sinto que eu própria falhei e me rotulei desta forma, pude perceber que – enquanto vivia estes processos – eu estava justamente lidando com o que minha alma precisava. Da melhor forma que podia, momento a momento.

Essa hora – a das travessias – costuma ser exatamente o momento em que estamos percorrendo os áridos desertos interiores e encarando as vulnerabilidades mais significativas do ser.

SERÁ QUE COM O OUTRO É DIFERENTE?

Nas Constelações Familiares, é possível observar que as pessoas que estão emaranhadas em processos sistêmicos profundos e inconscientes, em geral, estão pouco disponíveis para viver a vida nos conformes recomendados e esperados socialmente.

Algumas conseguem se adaptar, aprender e liberar-se um tanto destes processos, encontrando algum nível de equilíbrio na convivência. Amadurecem quanto possível e seguem suas vidas com relativo conforto.

Outras, de tão profundo este emaranhamento, atravessam lugares delicados pelo caminho: em doenças físicas e psíquicas, isolamento nas relações, comportamento violento, depressões, alcoolismo, compulsões, vícios diversos, uso de drogas e suicídio.

Depois de observar estes episódios em minha família…

Depois de julgar e condenar as pessoas que amo e a mim mesma por ter vivido algumas destas travessias…

Tive a chance de encontrar algo muito inesperado.

SERÁ QUE EU REALMENTE VI O QUE ESTAVA ACONTECENDO ALI?

Será que eu realmente fazia ideia do tipo de pressão e intensidade das forças que estavam puxando as pessoas que mais amo ou a mim mesma para este tipo de comportamentos?

Será que eu verdadeiramente calculava o tamanho dos desertos que estávamos atravessando naqueles momentos em que mais julguei?

Será que eu estava vendo o nível de “relativa proteção” – de uma forma muito inesperada – que estava sendo proporcionado ao sistema familiar, por conta de esta pessoa manifestar tais dores e comportamentos?

Estas travessias constituem os momentos em que estamos sendo mais exigidos. É quando estamos enfrentando as maiores lidas interiores. Sem ao menos suspeitar do nível gigantesco de pressão inconsciente a que estamos submetidos e conectados.

OLHANDO A TRAVESSIA COM UM OUTRO AMOR

A busca da melhoria destes processos ameniza-o em muitos aspectos.

A vontade de olhar-se, conhecer-se, examinar-se leva a novas descobertas.

A força de vontade reordena e suaviza muitos destes caminhos, rumo adentro.

No entanto, algumas vezes conseguimos ir só até ali.

Logo ali. Não muito além.

No estudo das Constelações Familiares, pude observar muitas pulsões desconhecidas que habitam meu ser e que tenho conseguido, aos poucos, ampliar a visão sobre as mesmas.

Vejo elas se manifestarem, para meu espanto e desconcerto, e sigo abraçando, amando e esclarecendo estas sombras tanto quanto posso.

E o mais bonito é ver ela, a sombra, se iluminar quanto mais eu cuido de mim – sem acusações – me acolhendo e me esclarecendo sob as luzes do Evangelho e da realidade da vida, exatamente como ela é.

Sim, a realidade terrena (nua e crua) pode dar as mãos para o Evangelho de Jesus. E para quem nele não crê, posso dizer que fui me esclarecendo sob as luzes dos valores que, em sua revelação, estão contidos e que se repetem em tantas outras filosofias e conhecimentos milenares.

COMO A SI MESMO, AMA O PRÓXIMO

Ao encontrar uma forma mais amorosa de olhar para as minhas próprias travessias, pude olhar, também, de forma renovada para os “fracassos” que eu acreditava ter cometido.

Quando percebi que eu fazia o que fazia, não por um mal obstinado em si, e sim por dores, impossibilidades e pulsões desconhecidas, eu me perguntei: será que o outro a quem eu julgo não passa por algo semelhante?

Ao me olhar com amor, posso olhar com mais amor para minha mãe, para meu pai, para meus irmãos, para meu esposo, para meus filhos e para quem mais eu ousar julgar e condenar pelas atitudes estranhas e condenáveis perante um superficial julgamento.

Nesses tais momentos, é quando estamos precisando enxergar com mais amor. No meio do vício. No meio do álcool. No meio da violência. No meio da gritaria. No meio da solidão. No meio da depressão. No meio da doença. No meio da compulsão. Do vício. Da desistência. Do suicídio.

É importante reconhecer a dor e a impotência que sentimos ao conviver com pessoas amadas que estão vivendo esses processos. O julgamento, a raiva, a frustração e o medo fazem parte, e não precisam ser negados.

Afinal, todos esses processos causam, sim, imensas dores, marcas e consequências. Fatos são fatos, e encará-los com todo o peso de realidade que imprimem nas vidas é o que possibilita o ganho de forças a começar desta experiência.

Mais tarde, quando a dor é amenizada e a lucidez é recobrada, é possível ir além do julgamento e olhar, muitas vezes mais e de forma cada vez mais ampla, para os aspectos ali envolvidos.

Leva tempo, posto que não é fácil olhar com amor para esses lugares. O mais fácil é se sentir vítima daquele comportamento, e acusar quem o comete. Olhar com outro amor demanda que vejamos, para além de nossas dores pessoais, o muito que se tem, o muito que já é em nós.

Demanda reconhecer a benção da Vida.

Demanda aceitar a realidade como ela é.

Demanda admitir e deixar escorrer a tristeza.

Demanda admitir e assumir a impotência sobre o destino do outro.
Demanda soltar.

Demanda deixar ir este ser, ainda que em absoluta conexão com ele.

Enfim, demanda despertar o adulto protagonista em si, que consola sua criança interior e fortalece-se em si mesmo, nas muitas travessias da vida.

COMPORTAMENTOS ATÍPICOS BUSCAM COMPENSAR O SISTEMA EM DESEQUILÍBRIO

Com tais demandas atendidas, é um tanto mais possível olhar para as pessoas que vivem estes processos, com toda a dignidade. Algo Maior atua ali, na designação deste ser para a travessia em questão. A pessoa atravessa porque pode, porque está pronta. Mesmo que não se perceba assim, e nem seja percebida desta forma pelos demais que a cercam.

Pode ser que esta pessoa esteja manifestando, inconscientemente, as dores de sua alma (familiar e espiritual), buscando – de uma forma inconsciente – equilibrar a si mesma e os sistemas a que pertence.

Alguns, ao lerem estas palavras, podem presumir que estou justificando tais atitudes ou, até mesmo, “heroinizando” tais travessias. Não, não estou.

Estou falando de outra coisa: do quanto é importante reconhecermos que esta pessoa está passando por lugares e momentos imensamente mobilizadores e únicos. E que muito pouco sabemos sobre o que realmente está acontecendo ali.

Não é fraqueza.

Não é moleza.

Não é displicência.

Sim, é um fato.

Sim, causa efeitos.

Sim, afeta todos que estão em volta.

Ainda assim, além das consequências práticas que advêm destas experiências, tem sempre algo a mais ali, numa dimensão mais profunda que podemos ousar nos aventurar: OLHAR para o que a pessoa está, inconscientemente, dando voz e manifestando algo em favor de si e, também, em favor de todos.

Recorrentemente tenho visto que, no final de toda travessia pelos emaranhamentos, mora uma saudade, um reencontro que, há muito tempo, nos aguarda. Nesta experiência, certamente reside uma grande possibilidade de força e aprendizado. E para enxergar isso é necessário ter olhos de ver.

MOVIMENTOS OCULTOS DA ALMA

As Constelações Familiares mostram essas pulsões inconscientes por meio da observação dos movimentos ocultos da alma.

Nessas oportunidades, olhamos para quem foi excluído.

Olhamos, também, para o movimento dos integrantes do sistema em direção à morte (em atitudes de autodestruição), de forma inconsciente, até se revelar o cerne que alimenta este comportamento considerado questionável, marginalizado (que está à margem), em conexão com o Campo Sábio que mostra o próximo movimento que pode restabelecer a ordem e o fluxo do amor – seja por meio de imagens, movimentos e frases que oportunizam reequilíbrio, compensação e reintegração deste elemento no sistema.

A postura é: não julgo este comportamento, tampouco justifico-o.

Simplesmente olho para a dor e para a força com a qual eu ou uma determinada pessoa está lidando.

Em geral, quando julgamos, fazemos isto com base no amor que gostaríamos de receber ou que gostaríamos de dar. E não conseguimos olhar para aquilo que o outro ou a gente mesmo consegue dar, ainda...

Com isso, não nego abandonos, dores e violências diversas. Fatos são fatos.

Simplesmente busco olhar com compaixão para a dor – e note que compaixão não é pena nem dó. É olhar com empatia e, ao mesmo tempo, recolhimento e respeito pelo processo e escolhas do outro. É olhar com um pouco menos de arrogância, abstendo-me de julgar algo que pouco ou quase nada conheço.

Pouco sabemos sobre os desertos interiores que uma alma atravessa quando termina um casamento, quando deixa o cônjuge e os filhos, quando se isola emocionalmente, quando se deprime, quando perde todo seu dinheiro, quando se envolve em situações socialmente malvistas, quando atrai convivências delicadas, quando adoece, quando se entrega a vícios e a processos autodestrutivos e, até mesmo, quando irrompe em violência e machuca a si e aos outros, até o ponto de matar ou de matar-se.

CUIDADO, RESPEITO E NÃO JULGAMENTO ANTE ÀS TRAVESSIAS

A tentação de julgar é muito grande, porque costuma-se presumir, muitas das vezes, que trata-se de fraqueza ou maldade. Ninguém sabe o preço (e o gozo) envolvido para cada pessoa agir como age.

O que para nós soa como absoluta sandice, para elas é um movimento interno imenso, carregado de uma forte pulsão. Uma lealdade inconsciente a alguém de seu sistema familiar presente e de gerações passadas ou, ainda, processos de sua jornada espiritual.

Em contato com muitas destas visões, por meio das experiências da vida e da prática das constelações familiares, um alerta tornou-se claríssimo para mim:

É possível desenvolver um profundo recolhimento ao olhar a travessia do outro.

É possível amadurecer o respeito antes de julgar.

É possível ter muito mais cuidado.

É possível dobrar a língua duas, três, quatro vezes antes de julgar e rotular alguém.

OLHANDO PARA OS PAIS QUE JULGAMOS COMO “FALHOS”

Enquanto filhos, todos nós gostaríamos de ter tido nossos pais permanentemente sãos, fortes, estáveis, disponíveis e protetores.

Um desejo natural posto que, enquanto crianças, somos extremamente frágeis e nossa dependência física e emocional é absoluta.

Dada esta fragilidade, quando somos crianças e temos pais que agem de forma diferente da idealizada, alguns filhos sofrem muito.

A realidade, então, se apresenta ante a impotência de viver o “ideal”.

Na vida adulta, nos deparamos com nossas próprias impossibilidades e descobrimos que não é toda pessoa que consegue fazer o “esperado” porque, por sua vez, também tem o seu quinhão para lidar.

Seja porque também sofreu na infância.

Seja porque se conectou com algo complexo do sistema familiar.

Seja porque traz uma bagagem espiritual complexa para lidar.

Ou, provavelmente, tudo isso ao mesmo tempo.

Enfim, por razões desconhecidas, todos vivem as travessias que precisam viver.

DESENVOLVENDO UM OLHAR ADULTO, SEM INTENÇÃO

Após estar presente em muitas horas de constelações familiares e ver as pessoas e eu mesma lidando com limitações e pontos cegos, surge um novo olhar: um tanto mais amplo e maduro.

Vem a possibilidade de ressignificar, olhar para os momentos nada fáceis vividos por nossos pais. Falo daqueles episódios em que nossa criança interior percebe-se abandonada quando mais precisou, e se sentiu desatendida – pelo menos da maneira idealizada.

Nesta fase mais madura, consegui perceber algo que me tocou profundamente: Pude ver que justamente nestas horas complexas meus pais estavam sim, presentes – mais do que nunca!

Em especial na ausência, eles estavam atuando plenamente. Nem que fosse me poupando, inconscientemente, de sua presença que poderia ser ainda mais tormentosa do que seu afastamento.

Posto que todos nós somos compostos deles, dos nossos antepassados e dos nossos emaranhamentos. É assunto nosso sim, pois foi o preço que custou para que a vida chegasse até nós.

Nestes momentos de travessia, eles estavam lidando com alguma coisa que também me pertence.

E eu? Eu estava viva, respirando, ao preço que custou para a vida chegar até mim. Todo o preço!

E ao me tornar mãe, eu também estou passando a vida adiante, com todo o preço que ela custa aos meus filhos.

Confiar que eles saberão lidar com isso da melhor forma possível, é o melhor que posso vibrar em sua direção.

O AMOR INCONSCIENTE PRESSIONA PARA SER VISTO E RECONHECIDO

Nestes momentos de travessia, descobri que as pessoas em travessias e destinos difíceis estão manifestando uma pressão sistêmica que – de uma maneira muito inesperada – “libera” (de forma relativa) a todos os demais para viver suas próprias histórias.

O depressivo do sistema, em certa medida e por um certo tempo, libera os demais da pressão intensa de deprimir.

O alcoólatra, em certa medida e por um certo tempo, libera os demais da pressão intensa de beber.

O violento, em certa medida e por um certo tempo, libera os demais da pressão intensa de serem violentos.

Manifestações que dão voz a algo do nosso sistema comum, inconscientemente bradando: “Eu por vocês. Deixa que eu manifesto isso. Deixa comigo”.

Liberando os demais – “em certa medida e por um certo tempo” porque já é de conhecimento dos consteladores familiares que estas manifestações encontram novos representantes, de tempos em tempos, até que tais pressões sejam realmente vistas, reincluídas e reordenadas, em geral, por descendentes – nas futuras gerações…

OLHAR PARA A DOR E TOMAR POSSE DO TESOURO QUE ELA ENTREGA

Então, a imagem deste vídeo (abaixo) que acompanha o texto (de um animal se colocando no rio entre outro animal e crocodilos) é muito ilustrativa, e mostra o que pede para ser reconhecido: inconscientemente (ou não), esta pessoa está lidando com algo imenso, que libera os demais de muitas formas, “em certa medida e por um certo tempo”, para que vivam seus próprios processos!

E antes de julgar alguém que tenha seguido esses movimentos de emaranhamentos e demais atitudes malvistas, é possível reconhecer: Cada um estava lidando com seus “crocodilos” interiores, em suas travessias mais delicadas. Nesta postura adulta, temos a possibilidade de olhar para trás e reconhecer as travessias daqueles que mais amamos e, também, as travessias e destinos difíceis de nós mesmos.

Conectada com este profundo reconhecimento, não preciso mais me manter na ideia infantil de querer vingar-me dos meus pais, como quem diz: “Eu não falharei como vocês e farei melhor”.

Adulta e conectada com a minha Fonte Original, posso dizer: “Sim! Eu vejo o destino de vocês, eu vejo sua caminhada e farei algo de bom com a Vida que chegou até mim, de todo este processo – exatamente como foi”.

Sinto que a melhor forma de fazer com que este ciclo de repetições se amenize seja olhar para a dor destes seres amados, e aceitar o destino duro que tiveram. Chorar com eles por um tempo, render-me e concordar com a minha impotência ante as forças maiores que regem esses movimentos todos, reconhecer tudo como foi, e tomar posse da força e do aprendizado que vêm destas experiências.

E, então, perceber que deixar com eles este destino, confere-lhes a dignidade de serem eles mesmos, com tudo que foi vivido. Isto traz força ao sistema inteiro e a todos os seres que o compõem, em suas muitas dimensões.

VER A VIDA VINGAR PELO AMOR E NÃO PELA DOR

Recentemente, ouvi num seriado a seguinte frase: “A melhor forma de vingar os mortos é permanecer vivo”. Então, em conexão com a imagem deste vídeo, esta frase convida a olhar e a reconhecer: a vida de quem se machucou ou se foi numa travessia permanece pulsante e segue viva na vitória daqueles que chegam inteiros, na outra margem do rio!

Ou seja: Permanecer vivo, muito vivo, e fazer esta Vida Vingar em nós, é a melhor forma de fazer algo de bom com as travessias daqueles que vieram antes de nós, olhando para a realidade de tudo exatamente como foi.

Assim, estamos prontos para receber o presente que deriva deste processo. Quando tomo este presente que me aguarda, ao reconhecer tudo como foi, fico um tanto mais livre e disponível para viver minha própria vida, no agora, degustando minhas relações e servindo com amor ao que vem mais à frente de mim: filhos, projetos e frutos diversos nesta vida.

Inspirada num outro filme que vi recentemente, fiquei bastante marcada por esta frase: “Não quero mais pagar os erros do passado com a minha morte, e sim, com atos de amor”. Neste novo sentido, o movimento encontra uma outra forma de equilibrar o sistema, não mais somente por meio de movimentos autodestrutivos. Mas, também, com movimentos de vida e amor, impulsionados pela mesma energia, que agora descobre que pode se mover num novo sentido: por meio da gratidão a todas as experiências, tomar posse da própria existência e se responsabilizar por cada escolha a ser vivida!

AO OCUPAR MEU LUGAR TENHO VIDA – VIDA EM ABUNDÂNCIA

Sinto que o estudo e a vivência das Constelações Familiares é o caminho para colocar o Evangelho em ação, com movimentos de alma alicerçados nestes valores.

Um certo dia um homem esteve aqui… e viveu de um jeito muito novo – e assim como Bert Hellinger fez questão de mostrar em muitas constelações, muito além de ser um salvador, Jesus verdadeiramente exemplificou em si a potência de simplesmente ser, ao mostrar que todos podemos ser os mestres e os “salvadores” de nós mesmos.

Ele ensinou a ter amor e compaixão pelos inimigos. E visto que a dor, a violência e o abandono percebidos em nosso sistema familiar costumam ser os grandes ‘inimigos’ que, nas fases mais infantis da psique, nos impedem de sermos os protagonistas de nossas vidas, o que podemos fazer?

Cuidar de nossa criança ferida com toda a dedicação e amar estes “inimigos” por meio deste novo olhar – adulto e ampliado!

Ele também ensinou: “A quem muito foi dado, muito será cobrado”. Uma busca natural por equilíbrio – a terceira lei das constelações familiares. Meus antepassados honraram a vida da melhor forma que puderam, até onde sabiam, até onde puderam. E foi incrível o que fizeram, foi imenso, foi muito, foi suficiente! Graças a eles, cheguei onde estou.

Graças a eles, tenho a possibilidade de ver tudo o que vejo. No meu caso, tudo que vejo por meio das minhas experiências de vida e do estudo que tenho feito do Evangelho e das Constelações Familiares.

E uma vez visto, não tem mais como “des-ver” estas realidades.

Com estas visões, hoje escolho olhar a Vida que me habita: Vida em abundância!

Ao fazer isto, tomo posse do meu lugar e dos meus talentos.

Amadureço e vejo: Eu só quero o que é meu: o meu lugar! O único que preciso neste mundo.

O meu lugar é como um trono. O trono de onde exerço a minha soberania, de onde me governo com toda a liberdade de escolhas e consequências que delas advêm. Daqui, observo os outros – em seus tronos, exercendo suas soberanias sobre si mesmos.

Assim, alegro-me por mim e por todos os outros vivendo suas travessias, sendo e expressando seu ser, lidando com sua sombra e brilhando sua luz da forma – única e original – que queiram e escolham brilhar.

Eu sento neste trono igualmente quando vivo a Vida que me habita.
Com atos de Vida, também honro as travessias dos muitos que me antecederam.
De uma nova forma, de um novo jeito.

Tudo foi com propósito e nada foi em vão:
Graças a vocês, eu vivo! E vocês também seguem vivos – em mim.

Daniela Migliari, 1 de dezembro de 2019.
Revisado em 22 de maio de 2020.

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