Antes de julgar alguém ou proferir uma palavra de crítica, é possível experimentar olhar pra questão central do julgamento e dizer: “Eu também”.
Eu também tenho medo.
Eu também tenho violência.
Eu também tenho exigência.
Eu também tenho esta sombra em questão.
Na postura do “eu também”, eu me irmano, me humanizo e saio do pedestal de julgadora – lugar interior que me torna indisponível na esfera dos relacionamentos.
Afinal, quem consegue amar, abraçar e beijar no alto de um pedestal?
Quem julga (e condena) está na inação.
Quem reconhece a humanidade em si mesmo, consegue observar, discernir e criar uma nova forma de resposta a algum incômodo ou comportamento externo.
Consegue dizer o que deseja, comunicar limites e fazer bom uso do ensinamento: “Que seu sim seja um sim e seu não seja um não”.
Hoje, experimentei mergulhar aqui dentro numa lembrança, olhar internamente para alguém do meu passado com quem tive conflitos e dizer com presença: “Eu também”.
Em seguida, pude ver que aquele conflito vivido trouxe à tona conteúdos meus, que eu precisava externar. Assim, pude ver, compreender e entrar em contato com aquilo que me habitava.
Nesta nova postura, posso tomar aquele encontro e aquela experiência todinhos para dentro de mim. E seguir adiante mais enriquecida, humanizada e com a visão mais ampliada.
A tudo como foi, eu agradeço. Sim, a gratidão é a mais bela forma de perdão!
Por fim, olho também pra mim… e me compreendo por todos os meus excessos e julgamentos. No espelhamento do meu ser, nos conflitos em que me envolvi pelo mundo, lá estava eu… me conhecendo, me experimentando, me reconhecendo.
E agora, cá estou, me abraçando toda, na Sombra e na Luz de todo o meu ser.
Eu também…
Me perdoo…
Me amo…
E me agradeço.
(Daniela Migliari, 4 de setembro de 2020)