Entre os “buscadores”, é bastante comum encontrar os filhos mais novos das famílias.
No contexto das constelações familiares, isso talvez se explique pelo fato de, em alguns casos, por muito receberem, acabam por sentir-se em débito (culpa) e buscam equilibrar a situação compensando a família, imbuindo-se, por exemplo, da ilusão de promover a cura familiar.
Na minha vivência pessoal, como caçula que sou, tenho percebido que alguns dos mais novos só (sentem que) vão mais longe porque a “onda forte do sistema” bateu primeiro nos mais velhos, até chegar como marola no menor de todos.
Algumas vezes, em função da proteção dos irmãos que chegaram antes, os caçulas ficam um tanto mais liberados…
Para os mais velhos, a chegada dos mais novos também tem um preço, para o qual os caçulas podem olhar, reconhecer e se solidarizar. E, por serem menores, reconhecer que não podem compensar este preço, pois são pequenos demais para isso.
Os caçulas nasceram por uma força maior – maior do que si mesmos e do que os irmãos mais velhos. Afinal, os irmãos são todos pequenos diante da vontade soberana dos pais, os grandes.
Como caçulas, também pagamos preços pesados. Não são poucos. E igualmente pedimos que os irmãos mais velhos também olhem para este preço… e, como filhos que somos todos dos mesmos pais, deixemos com eles – os únicos grandes – tudo o que é deles!
Saber ser o menor e agradecer esta proteção é fundamental, e coloca o caçula no lugar certo!
Os irmãos mais velhos vieram antes, são experientes e naturalmente protegem mais. Nesta *realidade*, os caçulas descansam! E podem sair da ilusão de grandeza de querer salvar os pais e irmãos mais velhos, nesta ingênua tentativa de compensação. Ilusão esta que os desliga da Terra e lhes tira a humildade (húmus – terra, e ilde – pés), ou seja, lhes tira os pés do chão.
O curioso é que, ao receber tudo como foi, celebrando a alegria de existir, de ter nascido, e ser o mais novo – no meu caso, a mais nova e única menina – é possível tomar posse de quem sou, alegrar-me pelo muito que recebo e, preenchida, transbordar isso ao mundo – de um novo lugar interior!
Não mais da culpada-salvadora em busca de compensar o que recebeu, mas como caçula humilde, agradecida por haver nascido, solidária à força e à dor dos irmãos, conectada com a realidade – exatamente como é!!!
Todos têm condições de salvarem a si mesmos – das formas mais insuspeitas, por caminhos mais criativos e únicos do que se pode imaginar…
A Vida sempre segue adiante. E eu me sinto grata por existir, por ter nascido, por ser filha dos meus pais, por ser irmã dos meus irmãos e por ser caçula!